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A página será virada
Por Wagner Ligabó
Muitos querem desistir. Pular do barco. “Este confinamento já encheu a paciência” é o mantra que se escuta a todo canto.
Entre os que se rebelam o que mais se diz é que estamos em meio a uma sórdida conspiração política. Uma armação proposital dos poderosos. A nossa desgraça seria o objetivo do poder. Um caos ardilosamente preparado e aplicado.
Ouve-se de tudo. Começa-se a desconfiar da sombra. Cansaço, desespero, irritabilidade, tristeza, depressão pelo nada fazer e, assim, nada ter. A cadeia produtiva emperrou e as consequências são cruéis. A saúde passa a tornar-se um detalhe.
A economia ficou ferida de morte? Sim. Muitos espertos se aproveitam do momento para enriquecer? Sim. Esta virose expôs nossas desigualdades? Sim. Quando tudo passar alguma justiça será feita ante estes fatos? Aí já não sei.
O mundo sempre foi uma bagunça por culpa do homem e quando se quer decretar uma ordem mundial o homem se rebela. A maioria sofre, outra parte paga a conta e poucos se beneficiam com a desgraça. Infelizmente a regra do jogo de viver em sociedade sempre foi assim.
Mas, ao final, tem-se que acreditar que o sacrifício valerá a pena e logo será página virada. A vida voltará a ser exatamente igual ao que se dizia ser normal. Um absurdo, mas realidade. Parece que se vivia num paraíso, o melhor dos mundos, o Nirvana! Ledo engano. A humanidade, em sua boa parte, continuará mesquinha como sempre foi.
Entretanto, diante de tudo isso, fica o conselho: por mais inconformado que se esteja, a desobediência agora não é algo inteligente. Resignar-se, só mais um pouco, é a pedida correta.
Para os justos sempre haverá recompensa.
Wagner Ligabó é médico cardiologista e vereador