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São Vicente faz uso da polêmica cloroquina em pacientes com crise respiratória
Remédio ganhou popularidade, embora sem que resultados sejam comprovados cientificamente
O infectologista Marco Aurélio Cunha de Freitas confirmou que o Hospital São Vicente de Paulo vem usando desde o dia 3 de abril a cloroquina no tratamento de pacientes com coronavírus, sendo que a partir de agora passou a ser dado para todos os que apresentam quadro de crise respiratória aguda com suspeita da Covid-19.
Sem revelar quantos estão usando o polêmico medicamento, Cunha disse ao site “Tribuna de Jundiaí” que não se faz ali estudo para comprovação científica de resultados para o medicamento.
OPINIÕES DIVIDIDAS
De acordo com a revista “Veja” que circula nesta sexta-feira (10), a cloroquina e a hidroxicloroquina ganharam a atenção porque o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, considerou as drogas “os agentes de mudança de jogo”, o que fez Jair Bolsonaro seguir a recomendação e dar início a um embate com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que defende esperar a publicação de estudos clínicos confiáveis antes de liberar o uso dos remédios.
Como já era de se esperar, toda essa discussão gerou ainda mais dúvidas na população. A “Veja”, então, compilou as principais questões e explica cada uma delas:
A cloroquina cura o coronavírus? Ainda não se sabe. Especialistas acreditam que, mesmo que estudos clínicos mostrem que a cloroquina ou a hidroxicloroquina tem eficácia no tratamento da Covid-19, dificilmente ela será a cura ou o único tratamento existente, devido aos riscos associados.
A cloroquina surte efeito contra o coronavírus? Estudos in vitro, ou seja, realizados em células humanas em laboratório, indicam que sim. “Os estudos em laboratório indicam que o medicamento age em dois caminhos avaliados para combater o vírus: tem um efeito antiviral e anti-inflamatório. Além de inibir a replicação do vírus e sua entrada na célula, a cloroquina parece ter uma ação anti-inflamatória. Isso é importante porque, para se defender do vírus, o organismo reage com inflamação. Mas se essa resposta é muito intensa, a manifestação clínica é muito grave. Ao agir nesses dois caminhos, a cloroquina poderia reduzir a gravidade da doença. Do ponto de vista experimental, faz sentido. Mas tem muito remédio que funciona no laboratório, mas não no paciente. Por isso é preciso esperar o resultado de estudos clínicos rigorosos.”, explica a cardiologista e intensivista Ludhmila Hajjar, coordenadora de ciência, tecnologia e inovação da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
A cloroquina é considerada o tratamento mais promissor contra o novo coronavírus? Não. O remdesivir, um medicamento desenvolvido para o tratamento de ebola – e que falhou contra a doença – é considerado o tratamento mais promissor por especialistas. A cloroquina era uma hipótese secundária de tratamento que nem estava incluída no estudo Solidariedade, da OMS. Só após toda a repercussão do medicamento, a entidade decidiu inclui-lo nos estudos globais. Sem esquecer que esses não são os únicos tratamentos sendo estudados, há o favipiravir, o lopinavir + ritonavir, a transfusão de plasma de pacientes curados, corticoides, interferon, entre outros.
Qual é a diferença entre a cloroquina e a hidroxicloroquina? A cloroquina sintética foi desenvolvida em 1934 para o tratamento da malária. A hidroxicloroquina é um medicamento derivado da cloroquina, o que significa que os dois têm estruturas semelhantes, mas é menos tóxico.
Leia a reportagem da “Veja” na íntegra
AQUI, O QUADRO DA COVID-19 NESTA SEXTA EM JUNDIAÍ: