Pelo chef Manuel Alves Filho

Nesta quarentena, tenho feito uma média de um bolo a cada três dias aqui em casa. Ou seja, se não alcancei, estou perto de atingir 50 unidades.

Produção de responsa, né não? Entretanto, mais complicado que dar conta da quantidade é garantir que haja variedade, visto que Maria Alice, meu único público, é bastante exigente.

Na cozinha aqui do cárcere, já assei de tudo quanto é bolo: de fubá, de maçã, de banana, toalha felpuda, de chocolate, de especiarias, recheado com doce de leite e ameixa etc. Ontem, decidi que faria um sabor inédito nesta fase de recolhimento: de milho. Ocorre que deparei com dois problemas nada triviais. Não tinha ovos e nem milho. Como o bom cozinheiro também tem que ser um pouco MacGyver, o jeito foi dar meus pulos.

No lugar de vistosas espigas de milho, abri uma lata do indigitado grão. Não, não é a mesma coisa, mas quebra o galho, visto que é um produto industrializado minimamente processado. Quanto aos ovos, bem, a alternativa foi dar concretude à receita sem eles. Fiz assim. Escorri a água do milho e lavei bem os grãos. Depois, coloquei-os no liquidificador e juntei 2 xícaras (chá) de fubá, 1 xícara (chá) de leite e 1 caixa de leite condensado.

Bati tudo durante 5 minutos. Em seguida, somei 1 xícara (chá) de coco ralado e 1 colher (sopa) de fermento químico. Misturei estes ingredientes ligeiramente, acionando o modo “pulsar”, e transferi a massa para uma “forma de buraco”, untada e chapiscada com fubá. Por fim, levei ao forno pré-aquecido a 180 graus, para assar por 50 minutos.

O resultado é o que os amigos podem conferir na foto. Não, não saiu um bolo de milho como o das nossas avós, mas saiu um bolo muito gostoso, que poderia ter sido feito por uma tia querida que cozinha bem.