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Jundiaqui

 Continental reconhece ter sido parte importante da máquina de guerra de Hitler
19 de setembro de 2020

Continental reconhece ter sido parte importante da máquina de guerra de Hitler

Uma das maiores fabricantes mundiais de autopeças, com fábricas na região, reavalia seu passado nazista

O “Financial Times” publicou que a Continental, uma das maiores fabricantes mundiais de autopeças, com unidades em Jundiaí e Várzea Paulista, foi um “pilar” do esforço de guerra nazista e explorou cerca de 10 mil trabalhadores forçados. A própria empresa encomendou um estudo sobre seu passado nazista.

O estudo de 870 páginas constatou que a Continental foi “um dos mais importantes fornecedores” do Terceiro Reich, fabricando pneus para carros e aviões, lagartas para tanques, mangueiras, freios hidráulicos e instrumentos de precisão usados nos mísseis de cruzeiro V-1.

A companhia, cotada na bolsa de valores de Frankfurt, encomendou inicialmente o relatório ao historiador Paul Erker em 2015, com certo atraso com relação a algumas outras das grandes companhias alemãs no estudo de seu papel durante a era nazista. Daimler, BMW e a fabricante de autopeças ZE já foram tema de relatórios semelhantes, e a Volkswagen começou a pesquisar seu papel no esforço de guerra nazista ainda na década de 1980.

“O estudo demonstra que a Continental foi parte importante da máquina de guerra de Hitler”, disse Elmar Degenhart, o presidente-executivo da companhia, que acrescentou que a pesquisa era necessária “a fim de termos mais clareza sobre o capítulo mais sombrio da história de nossa empresa”.

O relatório da Continental, produzido por Erker, que é professor de História na Universidade Ludwig Maximilian, em Munique, constatou que na década de 1930 a diretoria executiva “recebeu com euforia a tomada do poder pelos nazistas, e expurgou os membros judeus do conselho supervisor, em um processo de arianização”.

Fritz Könecke, o presidente da Continental no período da guerra, que posteriormente se tornaria presidente da Daimler, a controladora do grupo Mercedes, na década de 1950, era um homem “oportunista” e encarava a colaboração com o regime nazista na melhor das hipóteses de modo “ambivalente”, o estudo concluiu.

Erker, que escreveu histórias de empresas como a Bosch, descobriu que, perto do final da guerra, os trabalhadores forçados a executar tarefas como testar solas de calçados eram “explorados e maltratados, e sofriam debilitação e morte”.

Prisioneiros de campos de concentração, usados na produção de máscaras contra gás, “estavam sujeitos a condições de vida e trabalho desumanas”, o relatório acrescentou.

As constatações do estudo serão incorporadas aos programas de treinamento de pessoal da Continental, e a empresa vai patrocinar uma bolsa de estudos acadêmica para pesquisas sobre a história empresarial da Alemanha na era nazista.

 

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