
Furuta marcou época desde os tempos da Rolleiflex
Jundiaí se despede do japonês que a escolheu para registrar em imagens
Hoje todos têm um celular nas mãos para registrar tudo o tempo todo. Nem sempre foi assim. Teve época em que as imagens chegavam só no dia seguinte, pelas páginas de jornal. Tempos em que Paulo Furuta deitava e rolava com sua Rolleiflex em filmes tamanho 6×6 nos mais diversos registros de Jundiaí.
A lendária câmara, que inspirou até música, deu lugar a muitas outras ao longo das décadas do século passado. Furuta exibiu, por exemplo, a primeira Leika que se tem notícia na imprensa da cidade, usou a Pentax, e também foi o precursor do zoom em jogo no campo do Paulista, com direito a uma respeitável teleobjetiva de 500mm.
Nascido antes da Segunda Guerra, resistiu a muita coisa, mas não ao novo coronavírus. Furuta, que nasceu como Masaru no Japão e registrou seu nome na história da cidade como Paulo, faleceu nesta sexta-feira (15), a vítima 512 dentro da pandemia da Covid-19 no município – ainda não apareceu no boletim que a Prefeitura Municipal divulga e que está em 511.
Furuta morava no Bonfiglioli, era viúvo de dona Wanda e pai de Eliana e Margarete. Foi enterrado na mesma sexta, sem direito a velório, no Cemitério Parque dos Ipês. Em outros tempos teria muitas homenagens dos que sempre foram captados por suas lentes desde os anos 60 – quando trocou Londrina, no Paraná, por Jundiaí. Ele nasceu em Hokkaido, no Japão, mas foi trazido para cá ainda bebê. E morreu no Hospital Pitangueiras da Sobam, grupo médico que viu surgir e ajudou a se consolidar.
Contemporâneo do italiano Élio Cocheo, de Wladimir Gropelo e outros grandes fotógrafos, Furuta se especializou em festas, em cobrir os mais badalados casamentos e era presença indispensável em inaugurações comerciais, foi fera em foto publicitária. Também arregaçava as mangas e encarava as ruas como bom fotojormalista. Essa imagem abaixo, por exemplo, é dos anos 60, quando a geada destruiu nossas plantações de uva. Também foi o olhar de Jundiaí nos incêndios dos edifícios Andrauss e Joelma, na Capital.
Seu trabalho se destacou especialmente nas páginas do “Diário de Jundiaí” e do “Jornal da Cidade”, mas com passagens pelo “Jornal de Jundiaí” e o semanário de vida curta “JundNews”, do qual era sócio.
Ao site “Novo Dia”, contou em entrevista algumas curiosidades, como quando foi chamado pelo então vice-prefeito Tarcísio Germano de Lemos para ajudar na tradução com um grupo de japoneses que chegava na cidade para a instalação da Kanebo.
Foto de Furuta: Mário Vassalo, arquivo Sebo Jundiaí