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Jundiaqui

 Exposição dá status de patrimônio à Maria dos Pacotes no Solar do Barão
21 de outubro de 2022

Exposição dá status de patrimônio à Maria dos Pacotes no Solar do Barão

A Unidade de Gestão de Cultura apresenta a exposição inédita “Patrimônios Culturais de Jundiaí”, em cartaz no Museu Histórico e Cultural Solar do Barão até 15 de novembro.

Com entrada gratuita, ocupa 13 diferentes espaços, entre salas e um corredor, rendendo homenagens a lugares e personalidades relevantes da história da cidade.

Um destaque é Maria dos Pacotes, que ganha status de patrimônio imaterial de Jundiaí a partir de agora, ela que é tema de um livro de autoria do jornalista e escritor Edu Cerioni lançado em 24 de agosto último e com edição esgotada. O autor informa que em breve vai lançar o e-book “Maria dos Pacotes”.

O texto de apresentação do espaço dedicado para a Maria dos Pacotes no Solar foi escrito pelo próprio Edu Cerioni, que assina também uma página do extinto Jornal “Bom Dia” colada à parede e pelo qual o jundiaiense ficou sabendo em janeiro de 2009 sobre a morte de Carlota Edith Barbieri, “a donas das ruas”. A manchete do “Bom Dia” informa “Carlota vai. Mito fica”.

O corredor é enfeitado ainda com fotos feitas por Regina Kalman e com reprodução de seus famosos pacotes pendurados por todo o teto. Além disso há um painel interativo para que o visitante registre suas memórias com a homenageada. São dezenas de recados já escritos ou desenhados.

A exposição estava programada para abrir em agosto, mês do patrimônio na cidade e junto com o lançamento do livro, mas foi adiada por conta de reformas no Solar.

QUEM FOI

Conhece a Carlota Edith Barbieri? Poucos vão dizer que sim. E aí, conhece a Maria dos Pacotes? Jundiaí praticamente toda vai saber de quem se trata, afinal é nossa figura folclórica número 1.
Mulher de roupas escuras que parecia se esconder na própria sombra, maltrapilha e suja, que tinha uma boca dura para soltar palavrões em letão e se defender de quem mexia com ela, nasceu em 5 de agosto de 1923 e faleceu em 5 de janeiro de 2009. Ficou os últimos cinco anos de vida fora das ruas, depois de ter sido atropelada por um caminhão. Mas por coisa de quase 40 anos, rodou por toda a cidade e marcou época.

Perambulava sempre solitária e carregando vários pacotes embrulhados por jornais, situação que nos levava a imaginar por que assumiu essa vida, já que tinha família e um lugar para ficar. Ouvia-se dizer que acabou assim porque o noivo a deixou no altar, e depois ‘pirou’, mas nada disso passa de lenda. Na verdade, era uma mulher doente, que sofria de esquizofrenia e ficou 12 anos internada no Hospital Psiquiátrico do Juquery.

Sua morte foi atestada como sendo por infarto do miocárdio. Ela foi enterrada ao lado de ilustres como ela também deveria ser tratada. Os vizinhos próximos de cemitério dão nomes a ruas, ela não. São as ruas em que ela vagava sem querer agradar a ninguém.

E MAIS

A visita começa em um ambiente dedicado a contar as origens de Jundiaí, explicando desde a referência do nome da cidade inspirado no peixe Jundiá até mapas com as dimensões da antiga vila de Nossa Senhora do Desterro, o traslado do auto de criação da vila e documentos que atestam a presença de quilombos – redutos de resistência à opressão a afrodescendentes – no atual bairro do Caxambu.

Na sequência, a exposição dedica-se ao Solar do Barão, edifício histórico onde o Museu está instalado. Além da explicação sobre a técnica milenar de taipa, usada na construção do prédio, este ambiente traz ainda a desconstrução de alguns mitos – como o do Solar como residência do Barão, quando na verdade era apenas sua casa de veraneio, e a de que Dom Pedro II teria dormido na cama ali exposta, desconstrução bem-humorada feita por um totem com a imagem do imperador.

Em seguida, a exposição reserva-se ao Teatro Polytheama. O ambiente traz sua maquete; fotos para que o visitante compare seus períodos de derrocada e o de seu esplendor atual, além de plantas arquitetônicas e fotos da visita de Lina Bo Bardi, arquiteta ítalo-brasileira que assinou o projeto de sua revitalização.

Todo um ambiente é dedicado ainda ao Hospital São Vicente de Paulo, que, com 120 anos, é uma das instituições de saúde mais completas do interior paulista e que realiza, em média, 24 mil atendimentos mensais.

Outro ambiente ainda trata dos movimentos de ferroviários negros da Cia. Paulista na fundação do Clube 28 de Setembro. Não por acaso, o mesmo ambiente traz expostos dois tocheiros negros – figuras humanas em nogueira e ébano, com cristais de Murano, do artista vêneto Andrea Brustolon – que compõem o acervo do Museu, a fim de propor o diálogo sobre o tema à luz da Cultura e do respeito à dignidade humana.

Outros lugares de Jundiaí são homenageados pela exposição. Da Serra do Japi, o visitante pode conferir plantas, pedras e fotos de suas árvores e cachoeiras. Já do Arquivo Histórico da UGC, o visitante pode aprender como se dá a organização e preservação dos documentos e o planejamento de suas atividades e divulgação.

“Patrimônios Culturais de Jundiaí” também traz tributo às famílias Queiroz Telles, Paes (da qual fez parte e foi moradora a professora Ana Pinto Duarte Paes) e Brunherotto e até o jardineiro Adão e Albina Maria de Jesus, a Nhá Lau, senhora escravizada e símbolo de luta e resistência.

Também são homenageados Milton Domingos, mais famoso pelo nome de Carlitos Jundiaiense, que com sua banda musical e humorística interpretava seu personagem inspirado em Charlie Chaplin; os desconhecidos João Pra Tudo e Daniel, o Trovador, que se tornaram famosos por ilustrarem reportagem da revista Sultana; e Sebastião Chignoli, também chamado de Tião Acordeonista, ferroviário e músico, por anos diretor artístico da Rádio Difusora.

Para encerrar, a exposição dedica uma de suas instalações a Zé Carioca, pseudônimo do músico jundiaiense José do Patrocínio Oliveira, eternizado por seus trabalhos com Carmen Miranda e pela inspiração na personagem dos estúdios Walt Disney.

O Museu fica na rua Barão de Jundiaí, 762 – Centro, e pode ser visitado, gratuitamente, de terça-feira a domingo, inclusive feriados, das 10h às 17h.

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