Tutti buona gente
Parte integrante do jornal bilíngue português e italiano TUTTO È FESTA 2023 – pg 9
Por Miguel Haddad
Jundiaí é hoje uma cidade vibrante. Sede da nossa Região Metropolitana, está no primeiro time nos mais diversos rankings nacionais e segue firme, de olhos voltados para o futuro, nessa trajetória de sucesso.
As conquistas do nosso município, construídas passo a passo ao longo dos anos, com muito trabalho e sem esmorecimento, contaram com a decisiva contribuição da buona gente vinda das mais variadas regiões do planeta. Lá em casa mesmo temos um exemplo disso: sou descendente de libaneses e a Maria Rita de italianos.
Nestes finais de semana de maio e junho, com a celebração da 35ª Festa Italiana de Jundiaí, cabe destacar o valor pioneiro da colônia italiana, a primeira a vir, ainda no século 19, para a nossa cidade.
A história dessa saga, mesmo resumida, merece ser lembrada neste momento em que festejamos essas conquistas.
Como nos ensina da História, no século 19 o café tornou-se uma das mercadorias mais valiosas no mercado mundial. O Brasil, graças à famosa terra roxa paulista, tinha tudo para tornar-se, como de fato, um dos maiores países cafeicultores.
A inauguração em 1867 da Ferrovia Santos – Jundiaí, a Rota do Café, é um marco nesse processo de crescimento comercial e industrial paulista e de nossa cidade.
Todavia, com a então recente abolição do trabalho escravo, não haveria mão de obra para sustentar o cultivo em larga escala do café.
Paralelamente, nessa época a Europa atravessava um período de crise econômica, agravada na Itália em razão das históricas lutas internas, que duraram anos, pela reunificação do país, e por um alto crescimento demográfico.
Na contramão, carente de mão de obra, os grandes produtores rurais brasileiros precisavam encontrar novos trabalhadores e teve início aí o amplo processo de imigração, com a participação direta do Governo Federal, que passou então estimular a vinda de famílias e subsidiar o seu transporte.
É a partir dessas circunstâncias que se inicia a vinda de famílias italianas para o Brasil. Os imigrantes expandiram a agricultura, ocupando terras devolutas, e criaram colônias e vilas onde cultivavam o café e a uva.
Hoje em dia a sua contribuição está presente em todos os aspectos da vida nacional, da culinária às artes refinadas, do mundo dos negócios à Ciência, na religiosidade e nos costumes e até mesmo no linguajar nacional.
Aqui em Jundiaí os imigrantes italianos se instalaram, em sua maioria, no bairro Colônia, onde Antônio de Queiroz Telles, o Conde de Parnaíba, filho do Barão de Jundiaí, dera início à plantação do café. Pouco tempo depois, em um testemunho da sua capacidade de progredir, alguns se tornaram colonos e proprietários. De posse das técnicas agrícolas de sua terra natal, inovadoras, incrementaram a agricultura do município.
Aproveitando a incipiente produção de vinho em Jundiaí – em 1669 o 1º cartório já registrava a venda de vinhos produzidos a partir das uvas jundiaienses – e o conhecimento ancestrais dos vinicultores italianos, deram início a uma indústria que tornou nossa cidade conhecida pela sua produção vinícola. Coroando o seu sucesso, foi de Jundiaí o vinho oferecido ao Papa Bento XVI e ao Papa Francisco quando visitaram o Brasil.
O resultado do empenho das famílias descendentes desses primeiros imigrantes tem relação direta com a posição de nossa cidade hoje no cenário nacional.
A Festa Italiana de Jundiaí, que está em sua 35ª edição, é a celebração dessa história, escrita com sacrifício, dedicação e comprovada competência, como mostra a Jundiaí pujante dos dias de hoje.
Com alegria no coração, vamos estar lá, comemorando com os amigos. Hoje, independentemente de sua origem, somos todos brasileiros. E esta é a nossa Pátria.