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Jundiá Filmes marcou época nos anos 50
Celso de Paula resgata história da companhia que tinha a fotografia de Élio Cocheo
JUNDIÁ FILMES
Nos anos 1950, a cidade viveu uma experiência incomum de filmagens e astros. Foi nesse furor que surgiu a Companhia Jundiá Filmes, liderada pelo jornalista e cineasta Innocêncio Mazzuia e pelo empresário Américo Mean, com a proposta inicial de produzir documentários para serem exibidos nos cinemas da cidade. Mas em 1957 a Jundiá resolveu ir mais longe, realizando o filme que se intitularia “O Justiceiro”, baseado em história escrita por Mazzuia.
Para a concretização desta ideia, ela contou com o apoio de empresas como a Cica e as Indústrias Andrade Latorre, podendo, com isto, contratar alguns atores de renome nacional para a película, que no mesmo ano foi rebatizada para “Nas Garras do Destino”.
Estrelado por Luigi Picchi, Aurora Duarte, Carlos Zara, Léo Avelar e Norma Monteiro, o filme contou com direção artística de Carlos Jayme Coimbra, que já havia dirigido “Armas da Vingança” (ganhador do Prêmio Sacy em 1953) e “Dioguinho”; a fotografia ficou por conta de Élio Cocheo (vindo das câmeras da Cineccitá italiana para a Companhia Vera Cruz em 1949) e a música com Enrico Simonetti.
Também foram convocados vários atores jundiaienses para testes, sendo, a final, selecionados Reynaldo Bedin, José de Carvalho Júnior (Lima), Hugo Malagoli, Heitor Paulo Ranzini, Onésio Briganti, Francisco Xavier Negrão de Barros, Sebastião Paulo Penteado e Luiz B. Garcia para os papéis secundários.
O argumento de Innocêncio Mazzuia, adaptado e desenvolvido por José Júlio Wielback, contava a história de um vilarejo do interior que agitado pela festa do padroeiro, vive uma tragédia com o assassinato do filho do coronel mais importante da região. Aparentemente o autor do crime seria um ex-rival político do coronel e ele teve que ser transferido para Jundiaí, onde estaria salvo de ser linchado pela população.
As locações foram feitas no II Grupo de Obuses (depois, 12º G.A.C.), nas fazendas Eliza e Conceição e no Bairro do Bonfim, em Cabreúva. As últimas cenas foram filmadas na Vila Rami, que ainda contava com grandes áreas desocupadas. Em 1958 sua conclusão era saudada como a primeira superprodução jundiaiense.
Em 1959, a fita foi lançada com o título “Crepúsculo de Ódios”, ocorrendo a estreia em uma sessão de gala no Cine Ipiranga, com renda em benefício das entidades assistenciais. Na ocasião do lançamento, uma companhia de São Paulo teria apresentado proposta para distribuir o filme com exclusividade em todo o território nacional, mediante, inclusive, um bom adiantamento financeiro à Jundiá Filmes, porém a mesma foi recusada pelos acionistas. A distribuição no Rio foi feita pelo Circuito Plazza.
Uma nota trágica ligada a essa produção foi a morte da atriz Norma Monteiro, aos 25 anos, que atirou-se do Viaduto do Chá, em São Paulo, alguns dias antes da estreia.
No alto, Cocheo em foto de Nilson Cologni-Reprodução Facebook