Por Clarina Fasanaro

A nossa querida Regina Wacked se foi. Impossível esquecer o dia em que a conheci. Sua voz impactante, grave, suave e marcante, me impressionou.

Quando concebi o projeto “As Mulheres da MPB”, em 2007, com a proposta de trazer cantoras de várias gerações, ela foi a primeira a ser cogitada. O bom foi que aceitou e passou a ser presença marcante em vários projetos musicais que produzi.

Dividimos o palco na Sala Glória Rocha, no Clube Jundiaiense, no Tênis Clube, no Clube Acre, na Praça da Catedral, no Teatro Polytheama e em tantos outros lugares, além de rodas musicais descontraídas em encontros inesquecíveis na casa de amigos.

Foi num trabalho de pesquisa para o projeto “As Mulheres da MPB” que conheci a história dela com a música. A Regina abriu mão dessa vocação para construir uma família. Naquela época não dava para ter família e ser cantora. O preconceito era enorme e o assédio escancarado.

Recentemente tivemos o episódio envolvendo o ator José Mayer que assediou de forma descarada a estilista Susllem Tonani e foi um assunto muito discutido. E olha que estamos vivendo momentos de grandes mudanças nas questões envolvendo o direito das mulheres e o assédio passou a ser considerado crime.

Naquela época, estamos falando da década de 60, não tinha como enfrentar esse dilema.

A Regina se casou e abandonou a carreira artística.

Passados muitos anos, já com os filhos criados, aos poucos foi retomando o caminho da música e passou a cantar com o tecladista Everton Pernambuco. Foi justamente quando a conheci.

Felizmente tive a oportunidade de desfrutar da beleza e maciez desta voz que se cala. Siga em paz. Saudades eternas.

Clarina Fasanaro é cantora e violonista. Na foto acima, aparece ao lado de Regina Wacked, Telma Costa e Célia Girotto

VEJA TAMBÉM:

Jundiaí dá adeus à dona da voz. Morre Regina Wacked

Regina Wacked sempre teve um sorriso cativante

Regina Wacked conta como fez sucesso como Regiane (e canta para você)