
poesia de sonho
Por José Renato Forner
o anão corre
desenfreado
passo a passo seguia
perseguia o homem alto
inacreditável:
o anão
alcançava o homem de pernas compridas
e seus pequenos pulmões não se cansavam
e suas pernas curtas como que com rodinhas nos pés
davam trabalho ao homem alto
corriam em ruas quase já atravessadas
até que o homem
já cansado homem
achou uma casinha
velha e bagunçada
de gente conhecida
(pessoas de um passado lá trás
quase insignificante passado)
e o homem abrigou-se na casa confusa
e viu
poucos pequenos cômodos
amontoados de gente antiga
tinha moças bonitas
tinha crianças
tinha a velha num canto e
tinha também
o filhote do cão
naquele sofá de espumas fora
de imitação de couro florido rasgado
o cãozinho negro
de dentes afiados
pequenininhos
sem força para o sangue
mordia roía não parava de comer
o dedo
os dedos
do homem
carícias de cócegas de alfinetes