Aos 76 anos, Ana Maria de Souza, a Ana Preta, receberá homenagem neste 21 de fevereiro na Assembleia Legislativa de São Paulo pelos bons serviços prestados ao Carnaval, estreitando os laços de união da cultura de raízes negras. Será agraciada com o título de “Imperatriz das Baluartes do Samba do Estado de São Paulo”.

“É um prêmio para senhoras com mais de 40 anos no samba e fiquei muito feliz, emocionada mesmo com a lembrança do meu nome. Até chorei quando me disseram que seria uma Imperatriz, isso satisfaz o ego da gente, é bom por valorizar nossa história, tudo que a gente passa no Carnaval”, disse. E explica o desabafo final: “Você sabe que tem muita gente que joga contra, fala mal e não entende essa manifestação tão linda do povo nas ruas. Para chegar na avenida é um ano inteiro de luta”.

Ana Preta reivindica mais atenção dos novos gestores para o Carnaval: “A gente faz porque gosta, dá prazer estar na quadra da União da Vila. Hoje não posso mais dançar tanto, a idade não permite, mas vejo como é lindo a moçada que se renova, meninos chegando a aprendendo a tocar um instrumento, meninas a sambar na avenida. Os governantes não entendem a dimensão disso tudo, por isso não dão o devido valor. Precisam acompanhar a gente na quadra, ver o trabalho, caminhar junto. Carnaval vem dos nossos ancestrais, não podemos deixar morrer nunca”.

Aclamada princesa em 2005 do Refogado do Sandi, Ana Preta contou que este ano vai às ruas Barão de Jundiaí e Rosário dia 28 só para ver o bloco passar. “Vou ficar ali na praça da Matriz apreciando a animação do pessoal”. Antes, vai curtir a saída do Kekerê neste dia 23, na avenida União dos Ferroviários, perto do Sororoca. Desfilar é no dia 3 de março, 19 horas, com a Escola de Samba União da Vila, que Ana Preta abraçou desde a sua fundação há mais de trinta anos.

A premiação da Imperatriz das Baluartes acontece pelo quarto ano e também vai dar o título a Nilva, coordenadora da Ala das Baianas da União da Vila (contaremos a história dela em breve).

Fotos: Edu Cerioni, Mário Sérgio Esteves e João Ballas/Especial para o JundiAqui