Por Edu Cerioni – O Carnaval dos blocos de Jundiaí será aberto pelo Kekerê pela segunda vez seguida neste 23 de fevereiro de 2025, domingo com previsão de muito sol para Jundiaí.

A folia tem endereço tradicional: avenida União dos Ferroviários, mas desta vez começando na “Pracinha dos Ciclistas” (perto da Ponte de Campinas) e seguindo pela mesma avenida até o cruzamento com a rua Abolição, finalizando a folia ali – antes, havia o retorno ao ponto de partida.

Às 15h tem o ato inter-religioso, momento em que candomblecistas,  umbandistas e católicos são convidados a se unirem em reflexão sobre a necessidade de se promover sempre a paz. Às 16h parte o cortejo, sendo que por volta de 18h30 ocorre o encontro com a Bateria Ritmo na Veia da Escola de Samba União da Vila. O final é por volta das 20h.

Quem leva o som dançante do Kekerê é Tom Nando, um dos criadores do bloco, que se apresenta junto com Mil Taroba, Renato Vianna, Bira, Bocudo Faria, Camilinha Munhoz, Pedro Ivo, Décio Scalle e Pedro Falasco. E como de costume, vai arrastar uma multidão dançante, parte de roupas brancas e outra muito colorida, usando turbante na cabeça, afinal…

“…O POVO SAIU NA RUA PRA FOLIA KEKERÊ
VAMOS ANDAR A PÉ, SORRIR
ANDAR COM FÉ, PINTAR DE COR A VIDA
ANDAR PELA AVENIDA E
DANÇAR AO TOQUE DO AGOGÔ, ATABAQUE, XEQUERÊ
COM BRAÇOS DE ALEGRIA TE ABRAÇA O KEKERÊ”…

Criado em 2015, o Kekerê se diferencia nas ruas pela pegada de afoxé, ijexá, samba reggae e samba de roda, trazendo muito som de Gilberto Gil, Tim Maia e Ben Jor, é lógico, mas também sucessos na voz de Elis Regina e Gal Costa. O desfile de domingo vai ter uma pegada especial em homenagem aos 40 anos de Axé Music, lembra Mil Taroba.

Claro que vai ter o JundiAqui junto na avenida, registrando em fotos a folia toda.

NASCEU GRANDE

Nascido em 26 de fevereiro de 2015, naquele mesmo ano, em 8 de novembro, o bloco foi oficialmente batizado pela União da Vila, na quadra dessa sua madrinha na Vila Rio Branco. “Em nosso primeiro desfile, tínhamos uma expectativa de atrair unas 200 e se falava com otimismo de até 400 pessoas, mas a surpresa foi tão grande e emocionante que, segundo os dados da Prefeitura Municipal, o Kekerê teve mais de 5 mil foliões na estreia”, recorda Vanderlei B.A. Vitorino.

B.A., Tom Nando e Luiz Antonio Bernardes foram os criadores do então chamado Afro Kekerê que depois passou a Kekerê de Mil Sóis. O trio se encontrou em uma noite de Quarta-feira de Cinzas chuvosa no Restaurante Koh Samui, que era de Tom Nando, e ali nasceu a ideia de se lançar no Carnaval de 2016 um “Bloco da Paz”.

O primeiro desfile foi pelas ruas apertadas da Vila Rio Branco, “um pedaço charmoso de Jundiaí que nos acolheu com tanto amor e carinho”, como diz B.A., e em razão do aumento dos foliões migrou para um espaço maior e mais seguro, na Ferroviários, bem pertinho do ponto de partida.

O Kekerê conta com um chamado Conselho Deliberativo, formado especialmente por mulheres que ajudam a colocar o bloco na avenida, para tanto organizando festas e arrecadando verba para o cachê dos músicos e pagamentos de ambulância, enfermeiras, bombeiros e seguranças exigidos pelo Poder Público. O governo municipal oferece o trio-elétrico, os banheiros químicos ao longo do percurso e faz a limpeza da avenida ao final da festa.

Todo ano antes do desfile, o Kekerê lança um tecido desenhado especialmente para ele, colorido e ligado a temas africanos, que é comercializado para quem quiser confeccionar sua fantasia. Mas as conselheiras lembram que nada é obrigatório, o que vale é se divertir na paz.

Para esse ano de 2025, será feito homenagem a duas grande figuras do Samba, Ana Preta e Nilva, da velha-guarda e da ala das baianas da União da Vila (saiba mais). “Elas merecem todas as nossas reverências e gratidão pelo tanto que se dedicaram e ainda se dedicam ao samba, ao Carnaval, à cultura popular brasileira e por suas lutas pela preservação e conservação das tradições ancestrais negras”, diz B.A..

E O FUTURO?

Para 2026, o bloco vai retomar as ações sociais e desde já busca apoio e patrocínio junto a empresas. “E para o Poder Publico Municipal, pedimos uma reunião de avaliação do Carnaval de Jundiaí em um prazo de até 40 dias após os desfiles e dessa avaliação conseguiremos buscar com calma, comprometimento e assertividade melhorias para o Carnaval de 2026”, completa B.A, que também é coreógrafo e dançarino, assim vai animar o público de cima do trio-elétrico ou no meio da “pipoca”.