
Crônica da Cozinha – Barato com muito valor
Pelo chef Manuel Alves Filho
Ainda não havia ido ao açougue após a recente explosão do preço da carne bovina. Fui nesta segunda-feira (2). Embora soubesse o que me esperava, fiquei assustado. Lá estavam os cartazes anunciando, de forma ostensiva, a nova realidade: patinho a R$ 35 o quilo e acém, a R$ 25. Olhei, meneei a cabeça e dei meia-volta. Jamais me submeteria a pagar tais valores, a despeito do motivo. Comigo, não!
Como queria algo prático somente para o almoço, optei pelo frango. Para marcar definitivamente meu boicote à carestia, escolhi um dos cortes mais baratos – frango à passarinho. Desembolsei R$ 7,89 pelo quilo. Depois, comprei algumas batatas e um maço de coentro. E fui para casa resoluto. Lá, lancei mão de mais dois tomates, um fio de azeite, uma cebola, dois dentes de alho, uma pimenta dedo-de-moça e uma colher generosa de garam masala, mistura de especiarias típica da culinária da Índia.
O resultado foi um prato de cor exuberante, aroma envolvente e sabor impositivo. Comida de verdade, que alimenta o corpo e as emoções, além de preservar o poder de compra do meu (do seu?) suado dinheiro. Servi o frango ao garam masala com arroz branco. Ao todo, a refeição custou perto de R$ 12 e rendeu quatro porções dadivosas, ou seja, R$ 3 cada uma. Deixei a mesa saciado e feliz. Quanto ao patinho, o acém, o contrafilé e a picanha, estes continuam armazenados na câmara fria do açougue.