
Picadinho, patrimônio gastronômico
Pelo chef Manuel Alves Filho
Um dos pratos da gastronomia brasileira que mais aprecio é o Picadinho. Diz-se que a receita nasceu nos anos 1950 na minha querida São Sebastião do Rio de Janeiro, como herança dos guisados portugueses. Um bar teria improvisado a refeição para matar a fome de seus clientes na madrugada. Fez tanto sucesso que foi posteriormente incorporada ao cardápio de incontáveis lanchonetes, biroscas, restaurantes e botequins cariocas. Hoje, é um ícone da boa mesa brasileira, se me perdoam a falta de comedimento.
Como era de se esperar, a receita do picadinho sofreu mudanças ao longo do tempo. Cada cozinha tem um modo de servi-lo e apresentá-lo. Todavia, três elementos se mostram onipresentes nas inúmeras versões conhecidas: carne, arroz e feijão. Estes, por sua vez, podem ganhar a companhia de pastel, ovo frito, banana empanada, farofa, entre outras guarnições.
Uma das minhas interpretações do picadinho é esta da foto, que os mais puristas poderiam chamar de light. Ela é feita com alcatra picada na ponta da faca, arroz cinco grãos e salada de feijão branco. Comida bonita, colorida, saudável e saborosa, que pode ser degustada sem culpa. Não é, por suposto, um prato para comemorar a Sexta-Feira, Dia da Maldade. É apenas uma forma de preparar, com a necessária cautela, a comilança do sábado e domingo friorentos. Ótimo fim de semana a todos!