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“Pão & Poesia” volta com lives na luta por doações em tempos de pandemia
Festival marcado pelo calor humano nos anos 90, agora é virtual, mas com o mesmo objetivo de fazer o bem
Edu Cerioni e José Arnaldo de Oliveira
“Pão & Poesia Jundiaí 2020 – A Fome de Viver” é uma campanha que entra no ar a partir deste Sábado de Aleluia (11). Reúne artistas, voluntários na arrecadação e as diferentes mídias de comunicação, entre elas o JundiAqui, para oferecer alimentos e produtos de limpeza e higiene para os carentes da cidade, com doações via Fundo Social de Solidariedade.
Começa com uma live às 20 horas, com música, teatro, circo, dança e literatura. Outras vão ser feitas ao longo dessa quarentena. Na estreia já estão assegurados shows de Tom Nando, Marici Nicioli (foto), Carlinhos Pasqualin e Vanderlei B.A. Vitorino.
Projeto que fez sucesso décadas atrás, com a arrecadação de toneladas de alimentos, volta com o mesmo propósito, embora diferente pelo distanciamento social imposto em tempos de novo coronavírus.
Se antes era um trabalho nas ruas, de muito suor e de olho no olho, agora cada voluntário vai mostrar sua arte de casa e o público será convidado a abrir seu coração e bolso, para levar ao Fundo Social de Solidariedade a sua contribuição que não pode ser em dinheiro.
Muitos já estão reunindo prendas dadas pela vizinhança para ajudar a quem tem fome, com o start da campanha dado no lançamento da página “Pão e Poesia Jundiaí” no Facebook – entre você também e sinta-se em casa. Um exemplo é Silviane Vaccari, que juntou sabonete, sabão, arroz, açúcar etc.
O pessoal da arte tem o comando de Tom Nando e um grupo liderado por Henrique Parra Parra cuida da busca de mais parceiros, como o pessoal dos supermercados. A ausência sentida é de Thomé Zabelê, saudoso líder comunitário negro que ajudou a criar e a fortalecer o nome “Pão & Poesia” na cidade e hoje tem o rosto enfeitando muro n0 Jardim Fepasa.
A iniciativa é inspirada na primeira versão da campanha, que na década de 1990 reuniu mais de 200 artistas em vários anos, teve disco lançado e exposições, chegando a 100 toneladas de alimentos arrecadados em uma única edição, o que colocou Jundiaí no mapa nacional da solidariedade na época em que Herbert José de Sousa, conhecido como Betinho, mostrava ao Brasil sua Ação da Cidadania contra a Fome.
“Hoje, mais de 20 anos depois, outra vez deparamos com a necessidade de fazer um movimento que traga a união pela vida de volta e isso passa por matar a fome de muita gente”, diz Henrique Parra Parra, orgulhoso de ver o trabalho do filho Henriquinho no grupo voluntário, ele que nas primeiras edições era um garoto de fraldas.
Por falar em fraldas, leas são muito bem-vindas, quer infantil ou geriátrica. A sua doação deve ser feita na sede do Funss, com entrada pela avenida Manoela Lacerda de Vergueiro, portão 3 anexo do Parque da Uva, de segunda a sexta-feira das 8h às 17h. São necessários ainda arroz, feijão, macarrão, farinha, fubá, leite e, também muito importante, álcool, cândida, sabão.
Quem vai contar com ajuda familiar na live é Tom Nando. Apelidado de Fofão nos anos 90, ele apresentará neste sábado uma canção junto com a filha Cora Maria, no violão. “Com nossa arte, devemos ajudar na manutenção do bem-estar de todos, colaborando mutuamente com o poder público e fazendo Jundiaí andar de mãos dadas. Parece utópico, sim. Mas se não tentarmos, nunca saberemos”, completa.