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 Exclusivo: Beto Brant, o cineasta de Jundiaí que a uva abraçou
1 de fevereiro de 2023

Exclusivo: Beto Brant, o cineasta de Jundiaí que a uva abraçou

Beto Brant vem sendo reconhecido como um pequeno produtor da fruta que é símbolo de Jundiaí. O que poucos que cruzam seu caminho na zona rural sabem é que se trata de um dos maiores diretores do cinema nacional, inclusive dono de Kikito de Ouro e 1º lugar no Sundance Film Festival, entre outros prêmios. Ele conta que a uva é sua nova paixão, mas avisa que não deixou de fazer filmes, embora desde que a pandemia da Covid-19 surgiu ele se veja mais abraçado pela vida no campo.

Mora nos dois últimos anos no sítio que é da família no Traviú e espera em três anos estar produzindo o próprio vinho orgânico. “Vou pra São Paulo e em dois dias já fico emburrado”, contou em entrevista exclusiva ao JundiAqui durante visita à Festa da Uva na noite de sexta-feira (27). Foi um retorno, porque era levado ao Parque da Uva quando criança pelos pais Maria Amélia Garcia e José Roberto Brant Carvalho.

“Estou começando a plantar no sítio da minha infância. Já tem uva de mesa sem semente. Um cultivo orgânico”, conta. E prossegue: “Na minha infância, adorava ajudar o meeiro a cuidar da uva. Meus irmãos iam para São Paulo nas férias e eu ficava aqui, onde aprendi muito com seu Natal e dona Páscoa”.

Antes de cursar Cinema na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), na qual se formou em 1987, ele entrou em Agronomia na Unesp em Jaboticabal. “Fiquei dois meses e me mandei dali”, recorda. Hoje, vem tentando produzir o próprio alimento junto com o primo agrônomo Alfredo Garcia de Francesco (com ele na foto acima) e o técnico agrícola Caio Galvan, mantendo uma horta, além da plantação de palmito pupunha, mandioca, frutas como manga, abacate e maracujá, entre outras, além da criação de galinhas. “Vamos cuidando das árvores que meu pai plantou e renovando as coisas. Trabalhar na terra dá satisfação, mas demanda muito”.

O jundiaiense de 58 anos também sente prazer ao ser reconhecido como cineasta na Festa da Uva, porque segue com sua produtora e cheio de planos. Trabalha na conclusão de um documentário sobre cannabis medicinal, para o qual visitou diversas associações de produtores extrativistas, conversou com farmacêuticos, bioquímicos, médicos, pacientes e cuidadores. Tem lançamento previsto para este ano ainda.

Brant começou dirigindo videoclipes como para os Titãs – ganhou o “MTV Brasil Music Awards” – e depois curtas-metragens, entre eles “Jó”, vencedor do Festival de Havana. Tem trabalhos com Camila Pitanga, Marçal Aquino, Paulo Miklos em filmes como “Os Matadores” (1997), “Ação Entre Amigos” (1998), “O Invasor” (2002), “Crime Delicado” (2005), “Cão Sem Dono” (2006), “O Amor Segundo B. Schianberg” (2009), “Eu Receberia as Piores Notícias de Seus Lindos Lábios” (2011) e “Pitanga” (2016).

Logo na estreia como diretor de “Os Matadores” recebeu o prêmio da crítica no Festival de Cinema de Gramado. E viu o filme “O Invasor” ser exibido comercialmente em países como Inglaterra, França, Israel e Polônia. “Crime Delicado” ganhou o prêmio de melhor direção no Festival do Rio em 2005 e “Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios” foi considerado o melhor filme no Festival de Huelva na Espanha em 2011.

Em sua passagem pelo estande “Autores de Jundiaí” na Festa da Uva, conheceu o livro “Maria dos Pacotes”, que levou para ler. Antes se encontrou com Renê Tomasetto, presidente da Associação Agrícola de Jundiaí, e com o casal Rui Otanari, pediatra e chef de cozinha, e Fátima Augusto, dona do programa “Temperos de Cinema” do Moviecom Maxi Shopping.

Beto ainda circulou pela festa na sexta e resumiu assim o que viu e ouviu: “Tinha uma banda de rock muito boa, com canções conhecidas e fiquei ali assistindo e tomando uma cerveja artesanal bem gostosa. Depois fui ver a exposição das uvas premiadas e está tudo lindo, ainda mais com a vila dos italianos ambientada com primor que nos remete a um século atrás e com atores animados, brincalhões. Conheço a Oktoberfest de Blumenau e a Festa da Uva de Jundiaí não fica devendo nada. Quando chego aqui e vejo luminosos com a frase ‘Cidade das Crianças’ acho legal, mas tenho a certeza de que essa é mesmo a Terra da Uva, e esse título tem que ser sempre muito valorizado”.

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