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Festa vai no embalo de Marcela Moro
Turismóloga, mestre em Comunicação e com 27 anos de experiência em Turismo, especialmente em gestão pública, Marcela Moro é a cara da Festa da Uva. Diretora de Turismo de Jundiaí entre 2013 e 2024, assumiu este ano a Secretaria de Agronegócios, Abastecimento e Turismo e em menos de três semanas conseguiu o que chamou de “milagre” junto com sua equipe e montou uma festa que vem se mostrando impecável.
Que o diga o público: em dez dias de agito no Parque Comendador Antonio Carbonari já passaram pelas catracas 218 mil visitantes, 28,5% a mais do que o número de pessoas para o mesmo período na edição 2024. Eles vieram de mais de 300 municípios diferentes de todos os 26 estados e o Distrito Federal, além de muitos que são de outros países, especialmente coreanos.
Foi Marcela quem liderou o projeto de reestruturação da Festa da Uva. Começou dando ideias na despedida do governo de Miguel Haddad e depois se jogou de cabeça com o prefeito Pedro Bigardi – seguiu como diretora, mas sem lugar no palco da abertura, nos 8 anos de Luiz Fernando Machado. Ela foi a grande responsável também pela criação das Rotas Turísticas e do Jundiaí Feito a Mão. Foi emocionante seu discurso ao lado do prefeito Gustavo Martinelli dia 23 de janeiro passado.
Ela chegou em Jundiaí em fevereiro de 2001 como profissional do Turismo – antes, conta que já tinha estudado muito a cidade, especialmente as questões ligadas ao apelido de Terra da Uva e sua festa bastante conhecida. Mas foi uma decepção ao pisar no Parque Comendador Antonio Carbonari pela primeira vez. “Fui conhecer a tão famosa festa, entrei nos pavilhões e o que vi foi um pouco de tudo: venda de motos, sapatos, lingerie, pneu… e uma exposição muito tímida de algumas poucas caixas de uva. E ficou muito claro que os que circulavam ali foram atraídos pelos shows. A uva na Jundiaí da Terra da Uva? Era só coadjuvante na Festa da Uva”, recorda.
Para uma professora de organização de eventos, turismóloga, foi difícil entender aquele cenário. E mais ainda entender como uma cidade tão pujante em tantos segmentos, não valorizava um de seus maiores bens: sua uva, já que a Niagara Rosada nasceu em Jundiaí e foi por causa dela, em 1934, que essa história de festa havia começado. Naquele primeiro contato Marcela já colocou na cabeça que aquilo precisava mudar. Foi assim que a Festa da Uva deu a guinada nos anos seguintes que a tornou verdadeiramente da uva, dos produtores, dos artistas locais e atração para gente do mundo todo.
Essa guinada não foi fácil, pelo contrário, foi duro convencer governantes de que havia necessidade de mudança. Ela conta: “Foram muitos anos levando este assunto ao Conselho Municipal de Turismo. Foram muitos anos conversando com um, com outro, para dizer o que deveria ser óbvio: a Festa da Uva precisa ser da uva, pois para uma festa do peão, naquele formato, só faltavam os bois e os cavalos”.
A fraca festa de 2011 deixou claro a todos que era preciso uma virada, porque só colecionou problemas, como ela recorda, com reclamações de toda parte e a certeza de que deveriam “ouvir a menina que tinha uma nova proposta”. E teve que responder insistentemente a pergunta da maioria: como poderia dar certo uma festa sem grandes shows, por que as pessoas iriam? “Do ‘você é maluca’ ao ‘certeza que vai ser um fiasco’, ouvi um pouco de tudo”.
Como pior não poderia ficar, todos se agarraram à ideia de uma festa que reuniria as comunidades e bairros da cidade, trazendo em essência o que Jundiaí tinha de melhor: a Uva Niagara Rosada e sua história, seu vinho e suas memórias, a cultura, os artistas, a gastronomia e o artesanato locais e, claro, oferecendo aos visitantes opções de turismo, especialmente o rural.
É assim que ela descreve o momento: “Deu certo, claro que deu! De uma festa com shows grandes e de nomes famosos, que recebeu em 2011, última festa no formato anterior, 32 mil pessoas, a festa de 2013 já bateu recordes: foram 77 mil pessoas. E, em 2024, chegamos a 242 mil visitantes. Agora em 2025 vamos bater esse recorde”. A festa segue mais três dias, 14, 15 e 16 de fevereiro. Desde 2013 virou anual.
Hoje a Festa da Uva impacta positivamente e diretamente mais de 50 entidades assistenciais, envolve 20 bairros, vende mais toneladas de uva e tem posicionado Jundiaí como um dos principais destinos de turismo rural de nosso país. Isso tudo envolve empregos, renda, impacto econômico positivo, hotéis cheios… “Um projeto que tenho orgulho de tratar como uma terceira filha. Isabella, Heloísa e a Festa da Uva de Jundiaí. Minhas três meninas que eu tanto amo!”
Aqui, fotos de Marcela nesta edição de 2025 que marca a 40ª Festa da Uva e 11ª Expo Vinhos:
Fotos: Edu Cerioni, Henrique Ramalho e Divulgação/PMJ
One thought on “Festa vai no embalo de Marcela Moro”
Que excelente registro da40a Festa da Uva!
A reportagem sobre a Marcela Moro está ótima. Ela merece muito.