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Vinho de Niagara Rosada passa por maior teste da história
26 amostras de 12 produtores têm avaliação de especialistas em busca de mais qualidade
Edu Cerioni
Com exclusividade, o JundiAqui acompanhou nesta quarta-feira (29) o 1º Painel Sensorial do Vinho de Uva Niagara Rosada de Jundiaí. Produzido ao longo das últimas oito décadas em toda a região, ele passou pelo seu maior teste na história: a avaliação de 14 especialistas convidados pela Associação Agrícola de Jundiaí em parceria com a Prefeitura Municipal e outras instituições. A missão dos convidados: destacar qualidades sim, mas mais importante ainda, ajudar a corrigir defeitos da bebida.
“Nosso objetivo é num futuro próximo poder até fazer um concurso do melhor vinho de Jundiaí, assim como acontece com as uvas durante a Festa da Uva”, contou o presidente da Cooperativa de Produtores de Vinho (AVA), Amarildo Martins. Ele ficou na plateia junto com outros viticultores para prestigiar o que chamou de ‘um marco’. “A busca é por qualidade”, acrescentou Eduardo Alvarez, da Unidade de Gestão de Agronegócio, Abastecimento e Turismo.
Enólogos e entendidos na arte de se fazer vinho com formações em diferentes áreas, alguns professores universitários e outros mestres no assunto, é que tiveram o privilégio de escrever esse capítulo de uma história que está apenas começando. E convenhamos, provar vinho é uma delícia, certo? Não é bem assim que acontece em um painel sensorial. Afinal, começou às 9 horas a degustação e foram nada menos do que 26 amostras de 12 adegas entre Jundiaí, Itatiba, Louveira e Vinhedo.
O público acompanhou atento uma primeira demonstração com um “vinho-base” para ajuste do paladar dos avaliadores, que foram explicando cada etapa, critérios e forma de trabalho do grupo. Depois, os 14 foram para uma sala reservada para concluir a avaliação sem pressões externas.
Foram experimentando o vinho sem saber quem o produziu e dando notas em uma ficha – a cada nova rodada da bebida, um gole de água e uma bolacha salgada para limpar o paladar. Foram várias etapas em que o vinho foi testado nos sentidos visual, olfativo e gustativo. As fichas foram entregues ao final para que os produtores conheçam melhor seu produto e façam as devidas modificações necessárias.
Em resumo, se usou uma taça em formato padronizado e o vinho foi servido na temperatura ideal. Os jurados olharam intensidade de cor, tonalidade e a transparência do líquido, depois levaram a taça próxima ao nariz para cheirar a fundo e só então provaram da bebida na boca.
O painel foi comandado por José Luiz Hernandes, pesquisador científico do Centro de Frutas, dentro da Etec Benedito Storani, mais conhecida por Colégio Agrícola. Foi no espaço onde funcionará futuramente o laboratório de vinhos da escola técnica, que teve R$ 8 milhões investidos pelo Governo do Estado de São Paulo e que espera por nova liberação de verba para a compra dos equipamentos – valor não divulgado pela direção, que disse não ter prazo para a estreia do curso de Viticultura e Enologia que desde 2010 foi anunciado.
Os produtores também puderam assistir a palestras que destacaram o poder do vinho de uva comum no Brasil, com 80% do mercado total. “Antes um vinho de uva comum bom a um de uva fina ruim”, destocou Zé Luiz.
Veja fotos:
Eis o laboratório da Benedito Storani…
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