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Clube da Lambretta acelera por Jundiaí
Pessoal se reúne em sítio do Caxambu, de onde parte para provas de velocidade e de resistência de até quatro horas
Edu Cerioni
Eles não têm estatuto, ninguém paga mensalidade e sequer existe um presidente, mas o Clube da Lambretta de Jundiaí é uma realidade há mais de vinte anos. Os encontros são normalmente no Sítio Itália, no Caxambu, em animadas tardes de sábado. Sergião Pasqualini, o veterano da turma, diz que a amizade é o que vale. E vê com bons olhos a chegada cada vez mais de jovens ao grupo, normalmente amigos de um de seus três filhos, também aficionados na motoneta que foi produzida décadas atrás na Itália e depois aqui no Brasil também – chegou primeiro que qualquer carro.
Fotos de encontros de motociclistas, pôsteres antigos, propagandas, recortes de revistas e até um mapa com a rota marcada entre Jundiaí e Fama, em Minas Gerais, para onde foram em 2001 – distância de 450 km – ocupam as paredes do barracão em que os amigos se reúnem. Isso em meio a carros antigos, como um DKW, e algumas Lambretta, Vespa e outras motos das mais diferentes idades, algumas inteiras e outras desmontadas à espera de restauração. Claro que cabe uma churrasqueira e a antiga geladeira da Coca-Cola que agora só tem espaço para cervejas. E como rola conversa ali… Uma curiosidade: para eles, o cheiro do churrasco só não é tão bom quanto o do óleo dois tempo queimado pelas maquininhas que vão acelerando emoções e histórias.
Texugo Sereguin, dono de oficina de motos na Colônia – rua Dr. Antenor Soares Gandra, 755 -, é o preparador dos motores. Ele assegura que tem Lambretta mexida que dá 120 km/h em final de reta em kartódromo que costuma correr. Mas velocidade nem é o forte da turma, que prefere enaltecer a resistência desse modelo surgido na Itália do pós-guerra e que fez fãs no mundo todo. São vários troféus que eles colecionam em provas de até 4 horas de duração – a mesma Lambretta recebe diferentes pilotos.
O dono da Texugo Racing assegura que a mecânica é muito simples e por isso tão especial a seus olhos. Alguns grids, diz, têm até 20 motonetas alinhadas. “Correr quatro horas? A Lambretta dá risada, a gente é que sofre”, diverte-se.
O primeiro encontro que o Clube da Lambretta de Jundiaí participou foi em 1994. De lá para cá, Sergião diz ter perdido a conta de onde passaram. No final de semana prolongado deste 1º de maio de 2018, ele e o filho Serginho foram exibir suas preciosidades em Água de Lindóia. Seus outros filhos, Fernando e Eliseo, também estão sempre juntos nos passeios. Só a mãe deles, dona Maria Inês, não quer mais saber da brincadeira em duas rodas.
Os modelos vão desde 1956 e até os anos 80. Tem Standard, De Luxo com e sem sidecar, uma triciclo, a LI e a BR Tork, a última feita aqui e que não deu certo, por isso rara. Tem as minis também na coleção dos Pasqualini, que aceita ainda alguns exemplares de Vespa e motos como uma Honda 750 Four.
De todas, a que mais sucesso faz com o público é a Petrukio. A Lambretta foi sendo adaptada e carrega até um tonel de vinho no lugar do passageiro do sidecar. Tem gaiola, chifre, bandeira, enfim, é um verdadeiro “Frankstein”. “É o bizarro que ninguém resiste”, resume Rodrigo Agostinho, dono de uma Xispa impecável.
As Lambretta têm três ou quatro marchas, transmissão por corrente ou cardan, rodas aro 8 ou 10, uma cor ou a combinação de duas delas, estão restauradas ou não, algumas são totalmente originais até na pintura. “A gente vê por aí Lambretta de R$ 30 mil, não sei dizer qual vale mais aqui”, desconversa Vlade Paschoalini (é da família, embora com diferente grafia no sobrenome), emendando: “Não temos peças de museu, nosso negócio é a diversão que oferecem.”
Fotos: Edu Cerioni
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