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EDITORIAL – Expresso 222: até onde essa estrada do tempo vai dar?
Desde 22 de maio Jundiaí registra todos os dias óbitos pela Covid-19
Edu Cerioni
A Prefeitura de Jundiaí informou que o município passa a contabilizar 222 óbitos positivos para a Covid-19 desde o início da pandemia. Eta trem ruim esse…
A última vítima é um homem, 88 anos, sem comorbidades registradas, que foi internado no Hospital São Vicente de Paulo no último dia 4, com morte no dia 7 e anúncio neste dia 8.
O último dia sem registro de uma única morte por Covid-19 na cidade foi em 22 de maio. Isso significa que já vão 46 dias com pelo menos uma família chorando o adeus de alguém diariamente.
De lá para cá – vale lembrar que já foi pior, porque teve dia com até 9 óbitos, como ocorreu em 14 de junho – muita coisa aconteceu e a vacina salvadora segue sendo só e apenas uma promessa…
Já rolaram luas cheias, minguantes, novas, crescentes, teve até ciclone e inverno sem e com frio.
Teve quem fez festa junina pela internet, quem rezou no Corpus Christi com igreja vazia, quem pegou bolo de Santo Antônio pelo drive-thru com pagamento pelo cartão de crédito, quem tirou senha para assistir missa e quem viu igreja de novo sem fiéis.
Rolou Dia dos Namorados sem beijo e sem presente. Teve presidente que falava em gripezinha se anunciando, enfim, contaminado, teve governador atolado em corrupção e tentando desviar até dos tiros amigos ou mudando a cor do mapa, deixando comerciantes vermelhos de raiva.
Quem viveu, viu políticos comemorando adiamento das eleições, mais tempo sem licitações, mais gente em situação de rua, menos ricas a fim de liberar algum trocado e, enfim algo a comemorar, mais voluntários tentando cobrir o rombo na vida das famílias famintas que seguem horas a fio apegadas em vão ao celular, uma tentativa de ganhar migalhas via Caixa.
De 22 de maio para cá, rolou lançamento de samba, bola em alguns campeonatos, e uma revolução em defesa de vidas negras, tão badaladas no Carnaval e no futebol e tão massacradas nas ruas. Teve muito enterro sem velório, incêndio sem dono, festa sem calor humano ou de bar cheio, voo proibido.
Mudou muita coisa, menos a esperança do brasileiro em melhores dias, num véu de nuvem brilhante subindo ao céu…