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FMJ recebe terceira doação de corpo este ano, um recorde
Mesmo durante a pandemia, faculdade é beneficiada e alunos ganham mais possibilidade de estudar com cadáver
Em meio à pandemia da Covid-19, uma notícia surpreendeu positivamente quem acompanha a relação de Falecimentos que o JundiAqui publica: a doação do corpo de dona Olga Josefina Johansen, de 68 anos, para estudos da Faculdade de Medicina de Jundiaí.
A divorciada que morava na Vila Rafael de Oliveira ajudou a bater um recorde que é fundamental para a formação dos futuros médicos, afinal é diferente o trato a um boneco e a um corpo de verdade, o que faz com que os estudantes criem um verdadeiro vínculo com a vida.
Em sete anos de incentivo a doações de corpos, entre 2013 e 2019, a FMJ tinha conseguido 14 deles e agora em 2020 já somam três, exatamente quando se atravessa um momento muito difícil no ensino médico de forma geral e a maioria busca tecnologias para tentar substituir aquilo que é o corpo humano. É que no Brasil ocorreu um aumento que mais do que dobrou o número de faculdades de medicina nos últimos vinte anos e que foi acompanhado de um processo de melhoria social da população em geral e, consequentemente, da diminuição na quantidade de indigentes que tiveram os corpos doados para estudos.
No Brasil, é lei federal que um indigente não reconhecido acabe sendo encaminhado para laboratórios de anatomia escolares pelo Serviço de Verificação de Óbitos, que não existe aqui e sim disponível em São Paulo e Campinas.
Dos três cadáveres da faculdade este ano, dois já tinham se comprometido a fazer a doação em vida e um terceiro chegou por decisão familiar. Em comum, eram pessoas que não queriam ser cremadas e menos ainda enterradas.
Entre receber o corpo e poder colocá-lo para estudo dos alunos tem uma longa jornada. Em linguagem simples, o que no chamado processamento do cadáver, é tirar o sangue (exsanguinação) e colocar em seu lugar um fixador, que vai impedir a putrefação. Um dos ingrediente é o formal (formolização cadavérica). Depois, ele passa por um período de fixação, até que as células se estabilizem e se interrompa toda a degradação. Daí ainda fica em um tanque por uns seis meses até começarem os trabalhos.
Saiba que qualquer pessoa com mais de 18 anos pode doar o corpo, mas que isso deve ser bastante discutido com a família e os amigos – para então se assinar o “Termo de Intenção de Doação”, com testemunha. A faculdade não aceita doação de morte suspeita. A família é quem deve avisar a faculdade e ela poderá realizar o velório até 24 horas após o óbito. Depois, nenhum familiar mais terá acesso ao corpo.
Se interessou? Para saber mais, acesse o site da FMJ.
Na foto acima, alunos participam da “Semana do Corpo Humano” da faculdade.