
Jundiaí tem dez doações de órgãos no ano; poderiam ser bem mais
A Comissão Intra Hospitalar de Transplantes de Jundiaí chegou a 10 doadores neste ano, sendo que 45 pacientes tiveram morte encefálica confirmada no Hospital de Caridade São Vicente de Paulo em 2022, ou seja, potencialmente passíveis da doação dos órgãos.
Dos 35 pacientes que não tiveram doação, sete não concretizaram a ação por recusa familiar e outros 28 por contra-indicação ou ausência de responsável legal.
Esse dado mostra 50% menos doadores do que no ano anterior: em 2021, foram 44 pacientes com morte encefálica e 15 doações concretizadas.
Em números de órgãos, 2022 chega a 51 órgãos doados no HSV, frente a 85 do ano anterior.
A doação é realizada a partir da confirmação da morte encefálica, validada por uma série de exames e com o consentimento da família. Para que isso ocorra, há uma equipe multidisciplinar que atua no HSV. São psicólogos, fisioterapeutas, assistentes sociais, equipes médicas e de enfermagem, dentre outros profissionais.
“Se as pessoas entendessem que apesar do luto e da tragédia de perder alguém, a vida de outras pessoas podem ser salvas, não teríamos um índice tão alto de recusa familiar na hora de optar pela doação”, relata o cirurgião cardiovascular e especialista em transplante Ronaldo Honorato Barros dos Santos, que integra a equipe do InCor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), e que participou dia 22 de captação de órgãos em Jundiaí.
“O maior índice de potenciais doadores está na faixa etária dos 18 aos 34 anos, vítimas da violência urbana e acidentes de trânsito. Porém, como são jovens, dificilmente a família chega a tocar no assunto de doação, afinal, nenhuma família gosta de falar de morte. Mas para salvar vidas é preciso discutir abertamente sobre o assunto, assim as famílias estarão convictas da escolha que estão fazendo”, diz o médico. “Hoje, em nosso país, metade das crianças que estão aguardando um órgão, morrem na fila do transplante”, lamenta.