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Startups pela natureza
Por José Arnaldo de Oliveira
Participei de uma experiência inusitada, o Conservathon – uma espécie de “hackathon” usado no campo da inovação e startups, aplicado como ideação ao meio ambiente.
Fui um dos 157 mentores desse sprint (maratona) de três dias com mil participantes de 25 estados e que resultou em 85 projetos para a chamada Grande Reserva da Mata Atlântica, conjunto de áreas do Paraná, São Paulo e Santa Catarina, que é do tamanho de Israel.
O evento, usando técnicas como Canvas, Prototipagem ou Pitch, selecionou 15 projetos para aprofundamento do processo rumo a investimentos de R$ 600 mil com critérios de aplicabilidade e escala vindos da Fundação Grupo Boticário e da estatal Fundação Araucária.
Com perfil de antropólogo e jornalista, tive de minha base do momento na APA Jundiaí, ao lado da Serra do Japi, a grata surpresa de ver a importância reconhecida para a sociobiodiversidade ao lado do turismo experiência para a conservação.
Isso por acaso me levou ao momento das 4 talks virtuais com excelente palestra de Ivan Crespo (UFPR) ou a uma interação com grupos como do Mistura, um dos projetos premiados, surgido para valorizar pescadores artesanais e evitar perdas no ambiente com novo uso para espécies secundárias. Uma equipe de oceanógrafos, cientista social e engenharia biomédica.
A cooperação entre empresas, pesquisadores, órgãos públicos e moradores em geral pode ser uma saída para superar limites políticos nos dilemas da sociobiodiversidade e do clima.
Surpreender em um campo interdisciplinar. E ver os povos da floresta e do litoral como sujeitos, não como objetos.
Os desafios do evento eram nas cadeias produtivas da sociobiodiversidade, mobilidade terrestre e marítima e negócios para melhorar as áreas protegidas. E as soluções, muitas com tecnologia, apontaram para a criatividade e a cooperação como chaves inovadoras.
Fui mais um eterno aprendiz, atraído pela boa sacada da proposta da área da grande reserva – uma mini-Amazônia. Como na gigante ao norte, o desafio continua sendo fazer a conservação do ambiente valer mais que sua destruição.
Meu agradecimento também ao pessoal da Panic Lobster.
P.S.: Devo acrescentar que ONGs sérias já atuam como startups. É bom ver que é possível avançar em tempos complicados para o ambiente com gente nova e mais parcerias.