Por José Arnaldo de Oliveira

Um pequeno e barulhento grupo de pessoas em carros e motos circulou por Jundiaí neste domingo (19), versão local das carreatas de bolsonaristas pela liberação total do comércio (na prática, contra o isolamento social preventivo ao coronavírus).

O fato ocorre na mutação do vírus biológico para vírus político, no momento em que aumentam os números de casos e de óbitos.

Concentrado na frente do quartel do 12º GAC, os participantes exibiram mensagens pelo AI-5 (ato institucional de 1968 que radicalizou a ditadura militar) e contra o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. O grupo também se queixa do governador João Doria.

Os manifestantes percorreram as avenidas 14 de Dezembro, Antonio Ozanan e 9 de Julho enquanto a maioria da população permanecia em suas casas – levantamento mostra 58% da cidade em isolamento neste dia. Um veículo dos bombeiros e outro de policiais militares acompanharam o percurso.

Na capital, um evento semelhante no sábado foi acusado de perturbar a rotina de emergência de hospitais.

Os grupos de apoio do presidente Jair Bolsonaro promovem os atos em momento de sua desarticulação com o Congresso e o Judiciário sobre o poder de interromper ações de governos estaduais e municipais e o socorro financeiro a eles – e com a tumultuada troca de comando no Ministério da Saúde.

A posição das Forças Armadas nesse cenário é uma incógnita, principalmente pelo apoio ainda forte da população aos cuidados com o vírus. O distanciamento social foi adotado em grande parte do mundo e ainda não existem medicamentos e vacinas comprovados.

José Arnaldo de Oliveira é jornalista e sociólogo. Fotos: Marco Antonio Silva/Reprodução Facebook