
Dos mais de mil gols de Pelé, três foram em cima do Paulista de Jundiaí
O mundo do futebol dá adeus nesta quinta-feira (29) ao Rei Pelé, aos 82 anos. O tricampeão mundial pela Seleção Brasileira, bicampeão do mundo pelo Santos, maior artilheiro da história do futebol e o maior jogador de todos os tempos, acumulou recordes ao longo de sua carreira, jogando ainda pelo New York Cosmos, Seleção Paulista e alguns combinados. Dos 1.282 gols que fez em 1.375 jogos, três foram contra o Paulista de Jundiaí. O nosso Galo da Japi encarou o Santos de Pelé em cinco oportunidades, sem ganhar nenhuma.
Em homenagem póstuma, resgatamos aqui a história de Pelé, que nasceu Edson Arantes do Nascimento, relacionadas a Jundiaí ou que tenham ligação com quem nasceu ou viveu na terrinha, como Dalmo Gaspar e o goleiro Lourenço. Tem até um tropeço do Rei: o Campus Pelé, que frustrou muita gente na cidade.
CONTRA O PAULISTA
Foram apenas cinco confrontos, quatro deles oficias, bem equilibrados e válidos pelo Campeonato Paulista, com três vitórias santistas e um empate.
O primeiro encontro foi festivo, no dia 30 de dezembro de 1958, ou seja véspera do Réveillon, com o Santos ganhando por 3 x 0, e Pelé deixando sua marca de artilheiro duas vezes – foram os gols 157 e 158 da carreira profissional que chegava então a 143 partidas. Foi em 1958 que o Galo passou a mandar definitivamente seus jogos no Estádio Dr. Jayme Cintra, no Jardim Pacaembu.
Em jogos oficiais, o primeiro aconteceu em 2 de março de 1969, no Jayme Cintra, quando o Santos venceu de virada por 2 a 1. Naquele mesmo ano, no dia 28 de maio, Pelé marcou um gol contra a equipe de Jundiaí, na vitória por 3 a 2 na Vila Belmiro, baixada santista – foi seu gol de número 967 na carreira.
O empate foi registrado em 18 de abril de 1971, 0 x 0.
Sem gol dele, o Santos ganhou por 1 x 0 em 9 de maio também de 71.
Em 1969, o Paulista ficou em último lugar entre 20 equipes e o Santos foi o campeão. O time jundiaiense foi rebaixado e depois conseguiu uma reviravolta, porque os clubes resolveram que ninguém cairia naquele ano. Em 1971, o Paulista foi 11º entre 12 e o time de Pelé, quarto.
Os dados são de fontes como os acervos oficial do Santos Futebol Clube e a Revista Placar. Somente com a camisa do Santos, Pelé balançou as redes adversárias 1.091 vezes. Com a seleção brasileira, somando jogos oficiais e amistosos, são 95 tentos. Já no fim de carreira, quando atuou pelo Cosmos, o craque anotou outros 64 gols. Os demais 32 gols que Pelé anotou foram por combinados como a seleção paulista, um time misto de Santos e Vasco, seleção do exército e seleção do sudeste.
O time que mais sofreu com o artilheiro foi o Corinthians, em quem ele fez um total de 50 gols. Do Interior, o Botafogo de Ribeirão Preto levou 41 gols.
Entre 1961 e 1970, o Rei do futebol ajudou o Santos na conquista de 7 títulos do Campeonato Paulista (1961, 1962, 1964, 1965, 1967, 1968, 1969), 3 do Torneio Rio-SP (1963, 1964 e 1966), 6 do brasileiro (1961, 1962, 1963, 1964, 1965 e 1968), 2 da Libertadores (1962 e 1963), 2 do Mundial de Clubes (1962 e 1963) e 1 da Recopa Sul Americana, entre outros torneios internacionais. Os brasileiros foram 5 conquistas da Taça Brasil e uma do Troféu Roberto Gomes Pedrosa.
Com a Seleção Brasileira, ele estreou e já ajudou na conquista da Copa do Mundo de 1958, depois nas de 1962 e 1970. Sua aposentadoria foi no New York Cosmos, dos Estados Unidos, em 1977 – depois fez um ou outro amistoso, mas sem compromisso nenhum.
AO LADO DE DALMO GASPAR
Muitas das conquistas de Pelé pelo Santos contaram com a presença de um jundiaiense ilustre, o também saudoso Dalmo Gaspar. Ele ganhou Paulistão, Taça Brasil, as Libertadores e os Mundiais. O momento mágico vivido por Dalmo aconteceu no Estádio do Maracanã, Rio de Janeiro, no dia 16 de novembro de 1963, quando fez o gol da vitória santista diante do Milan, de pênalti, na consagração com o bicampeonato mundial.
O lateral-esquerdo faleceu aqui na cidade em 2 de fevereiro de 2015.
PAREDÃO PAROU REI
O goleiro Lourenço, que desde 1978 mora em Jundiaí e defendeu o Paulista Futebol Clube, entrou para a história do Rei do Futebol em jogo pelo estadual de 1971, quando defendia o São Bento de Sorocaba e pegou um pênalti batido por Pelé.
Foi no dia 5 de maio e a partida em plena Vila Belmiro. Pelé foi derrubado na área aos 38 minutos do segundo tempo. Lourenço lembra que o Rei fez a tradicional “paradinha”, mas que ele acertou que a bola iria no canto esquerdo, conseguindo fazer a defesa.
DE SONHO A PESADELO
Em 2008, Pelé veio a Jundiaí para apresentar um projeto que levava o seu nome, com a finalidade de preparar jovens jogadores brasileiros para o êxito no futebol europeu. O Campus Pelé seria construído aos pés da Serra do Japi, em parceria com a Associação Cintra Gordinho e com dinheiro vindo da Suíça, em uma ação financeira complexa para financiá-lo e que incluía investidores do Lausanne-Sport.
O Campus Pelé teria até aulas de línguas estrangeiras para os jovens jogadores, além de prepará-los para administrar seu dinheiro. Ocuparia uma área de 300 mil m², com promessa de movimentar US 10 milhões ao ano. Dois anos depois, restou frustração a todos os envolvidos.
Aqui teve até festa para receber o Rei do Futebol, que saudou a criançada, que conversou animadamente com Eduardo Palhares, em evento com o então prefeito Ary Fossen discursando, fanáticos torcedores – como Cláudio Levada – vibrando ao conseguirem autógrafos na camisa do Santos e… bola fora.
Fotos: reprodução Facebook, “Jornal de Jundiaí” e Santo F.C..