Foto Gelli marcou história por 113 anos
A história dos Gelli com a fotografia começa lá atrás, quando o sobrenome ainda era Celli e Joaquim veio de Prato, Firenze, para o Brasil. Ele trabalhava para uma companhia de teatro na Itália, na qual fazia cartazes e retratos. Trouxe uma câmera e muita criatividade para registrar imagens do país que o acolhia, isso por volta de 1890. Criou família e lançou a Foto Gelli em 1910. Nesta terça-feira, 28 de março de 2023, cento e treze anos depois, seus netos e bisnetos anunciaram que vão fechar as portas da loja tradicional da Rua do Rosário, no Centro, às 18 horas deste 31 de maio.
Em tempos de celulares com câmeras fantásticas e das fotografias digitais, tudo instantâneo e descartável, a Foto Gelli perdeu espaço. Para muitos fica uma lacuna, porque a loja mantinha ainda a revelação do filme e ampliação para o papel, o que o jundiaiense que se mantém fiel à máquina analógica terá que procurar fora daqui a partir de agora. Vai levar seus negativos para São Paulo.
A Foto Gelli nasceu em 1910, quando Joaquim veio para cá com a família, segundo se lê na “JundPédia“, enciclopédia sobre a cidade mantida no ar por Celso de Paula. Morava em Franca e montou aqui um estúdio fotográfico na avenida Dr. Cavalcanti, nº 2, perto da rua da Estação.
Da Cavalcanti mudou para a Rua J.J. Rodrigues, também na Vila Arens. Subiu ao Centro para a Dr. Torres Neves e, por fim, na década de 1920, estabeleceu-se na Rua do Rosário. Gelli assumiu o espaço que antes era dos Janczur, os fotógrafos mais famosos e badalados da nossa história. Curiosamente, a foto tinha espaço ao lado de um armazém de secos e molhados de Joaquim e filhos. Além dessa loja da Rosário agora fechada, eles tiveram uma filial na Vila Arens entre os anos 80 e 2000.
A Foto Gelli ficou famosa décadas atrás por pendurar em suas paredes pequenas fotos do Carnaval, todas numeradas (e eram centenas), para que o folião se achasse e mandasse ampliar um retrato dos bailes do Grêmio C.P., Esportiva, Clube Jundiaiense, Banda, São João etc.
Grande parte do sucesso da Foto Gelli se deve a Carlos que ainda criança, 8 anos de idade, foi mandado para Florença para se preparar para o seguir o mesmo ofício do pai. Voltou aos 16 anos já conhecendo os principais equipamentos e dominando as técnicas de capitação de imagens nas ruas, em estúdio e entendendo tudo de laboratório, com seus negativos e produtos químicos.
Por muitos anos, fotógrafos trocaram jornais para o trabalho de gerência do setor de imagens da Foto Gelli, casos de Vladimir José Gropelo e Wladimir Lanza, ambos que tive o privilégio de trabalhar durante anos no “Jornal de Jundiaí”.
One thought on “Foto Gelli marcou história por 113 anos”
Muito foi o que a Loja Gelli fez para mim e para boa parte da pupulação jundiaiense. Sinto muito pelo fechamento dessa loja de fotografias para todos nós.