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MINUTO DE SILÊNCIO – Marly de Marco foi nossa Personalidade Artística
Por mais de cinquenta anos, ela deu aulas de pintura e espalhou beleza e alegria
Os últimos anos não foram tão coloridos por conta da doença de Alzheimer, mas nada vai apagar a história pintada por Marly de Marco, alguém que “viveu de maneira a deixar sinais de luz para os que vindo na retaguarda não se percam do rumo certo”, como resumiu a neta Natália De Marco Hrdlicka.
A paulistana que escolheu nossa cidade para criar e ensinar arte, deu adeus aos 88 anos nesta sexta-feira (27), deixando seu nome gravado no “Anuário Brasileiro de Artes Plásticas” e em centenas de obras que enfeitam casas e salões dentro e fora do Brasil. Fez telas em estilos acadêmico, abstrato, impressionista e outros, desenhou e até trabalhou com pátina sobre madeira, cobre ou ouro.
Marly Hércules de Marco, nascida em 3 de julho de 1937, era filha de João Hércules Netto e Gina Micheli, tendo cursado o primário na Escola Paroquial da Vila Arens, depois ginasial e magistério nas Escolas Padre Anchieta, aperfeiçoando seu talento artístico em ateliês de São Paulo.
Em 1958, uniu dois amores: pintura e educação para criar sua própria escola de artes – o primeiro endereço à Rua Dr. Olavo Guimarães, 84, e a partir de 1970 na Avenida Fernando Arens, 347, ambos Vila Arens, sendo o definitivo, desde 1986, na Rua Armando Colaferri, 370, Jardim Paulista.
Ela morava e dava aulas na casa do Jardim Paulista até cerca de cinco anos atrás, um espaço que abrigava quadros, móveis e peças de decoração impressionantes, escolhidos a dedo por ela, e que foram leiloados há um ano para o custeio de despesas médicas, com parte da renda doada a um lar público de idosos que sofrem com o Mal de Alzheimer.
Marly teve trabalhos expostos no Museu Histórico Cultural Solar do Barão, no Gabinete Ruy Barbosa, no Maxi Shopping e outros locais. Em 2008, sua história ganhou um livro com a ajuda do saudoso Picôco Barbaro e de Márcio Martelli, da Editora In Houve (foto acima). Ela também foi homenageada pela Câmara Municipal por conta dos 50 anos de sua escola de artes e doou 50 telas para o Município – trabalhos seus e de seus alunos.
Solidária, ofereceu sua arte para colaborar com Clube do Siri, Casa do Pequeno Trabalhador, Núcleo do Rotary Começar de Novo, Creche Mãe Mei Mei, Bem-Te-Vi, Associação Protetora de Menores, Clube da Lady, Goapa, Lar Anália Franco, Centro Espírita Pingo da Luz, Casa de Nazaré, Operários da Verdade e Orfanato Ricardo Zalaf. Também atuou por doze anos na Feira da Amizade como voluntária. A convite de Edu Cerioni, editor do JundiAqui, participou da primeira edição do “Amigo Secreto do Jornal Bom Dia”, doando obra para a caridade.
Foi a responsável pela restauração do Crucifixo do Palácio da Justiça Dr. Adriano de Oliveira (Fórum de Jundiaí).
Ganhou o prêmio de “Personalidade Artística do Ano” na cidade duas vezes, em 1968 e em 1997. Desde 1978 fazia parte da Academia Jundiaiense de Letras e Artes.
Marly teve uma única filha, Silvana, também já falecida a exemplo do marido Joel. Deixou com saudades eternas não só Natália (na foto acima as duas durante o Carnaval de 2013 da Le Chef a Pé), mas também Larissa, Victor e Heloisinha. Seu corpo foi sepultado no Cemitério Nossa Senhora do Desterro.
Uma curiosidade marca seu nome: é que existe uma EMEB conhecida como Marly de Marco, mas que é em referência à professora Marly de Marco Mendes Pereira, escola no Fazenda Grande. Marly Hércules de Marco também merece ser lembrada para sempre…