Arquiteta e urbanista, Nathália Del Roy Piovesan trocou cálculos e desenhos por receitas familiares que adoçaram a vida de muitos e muitos jundiaienses nos últimos quatro anos, desde que um câncer voltou a se manifestar, ele que estava adormecido desde 2013. Foi então que entrou em cena a doceira com mãos mágicas para geleias, caponatas e granolas. Descobriu ali que ainda tinha forças para ganhar o sustento e que era hora de fazer algo que intimamente sempre esteve em seu desejo mesmo sendo uma Del Roy: desacelerar a vida em nome de mais amor e mais amigos.

Nada foi fácil nesta última década. Formada em 2010 pela Unicamp, ela encarou uma pós depois do diagnóstico do câncer, conseguindo se graduar em 2019 pelo Hospital Albert Einstein em Arquitetura Hospitalar. Dores, enjoôs, idas e vindas a clínicas e hospitais, quimioterapia, radioterapia… nenhum dos infinitos processos invasivos foram suficientes para lhe roubar o foco, tanto que deixa um legado urbanístico e a marca Piú Bella como de excelência em gostosuras artesanais.

Nathália teve impulso graças à parceria com o marido Eduardo e o apoio familiar. Os Del Roy são tradicionais no ramo de motocicletas em Jundiaí, com o pai Edison e o tio Roberto envolvidos em competições de motovelocidade. Esse desejo de não desistir antes da linha de chegada é que a fez encarar de frente o melanoma agressivo e as diferentes metástases, com seis cirurgias pelo caminho.

Na base de cuidados paliativos, entrou em remissão da doença e deu uma guinada total. Como lembra Roberto, nunca mais aceitou comida mais ou menos, gente só meio interessante, ou fazer alguma coisa só para agradar aos outros. Foi embora cedo, mas sem se importar quanto tempo tinha pela frente e sim como aproveitar cada instante dele. E assim foi até a despedida neste domingo (3), aos 36 anos de idade.

A moradora do Jardim Carolina, teve o corpo sepultado às 14 horas no Cemitério Parque dos Ipês.