Por Wagner Ligabó

Não quero simplesmente ver a chama da vela se apagar naturalmente e espalhar suas derradeiras fagulhas cintilantes do fim do pavio, e eu, estático e absorto, presenciar este momento e me conformar com a lenta chegada do fim! Não! Mas não mesmo! A vida ainda está aí! Bela e desafiadora!

Quero ser um velho livre e relaxado. Ir para bem longe até onde o pensamento possa me levar. Imaginar. Me iludir sem medo. Arriscar. Pôr a mão na sorte. Encontrar o pote de ouro que o arco-íris esconde.

Quero usar aquela bermuda surrada e a velha camiseta em desalinho, onde quiser e sem pudores. Cantar alto no vácuo do tempo. Esquecer a pressa! Não embarcar num “trem bala” e sim na velha Maria Fumaça, sentar na janela e me deliciar vendo a paisagem passar lenta e colorida, chupando uma bala de hortelã ao sacolejo do vagão! A inspiração chega com o sol e a brisa batendo na face e eu de olhos fechados! Magia!

Muito sorrir e chorar, mas só quando for necessariamente preciso. Falar bobagens com sabedoria. Entender mais as coisas simples e não se preocupar tanto com as complicadas. Não criticar tanto nem ser tanto criticado. Saber e conviver com minhas limitações. A regra é: Relax baby!
Não me arrepender. Não deixar de ser como exatamente sou. Com meus acertos, virtudes, erros e defeitos. Ser tolerante e ser tolerado. Insistir nisso!
Aceitar que uma curva pode não ser o caminho mais curto, mas pode ser o melhor.

Quero ir para o fim do mundo. Encontrar o farol! Lá estão os segredos. Lá verei meu pai; lá verei minha mãe. Lá verei os milagres que, por súplicas sinceras, sempre acontecem. Respirar profundamente de olhos fechados e sorrir. Quero sorriso fácil… e, simplesmente, viver!

Wagner Ligabó é médico cardiologista