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O risco da invasão urbana na Serra do Japi
Por José Arnaldo de Oliveira
As prefeituras de Jundiaí e Cajamar vêm montando nos últimos anos, de forma separada, uma ligação viária em plena Serra do Japi. Embora oficialmente distintas, o resultado é o risco de um impacto de grande monta.
O seu mais recente capítulo na nossa cidade, em minha visão técnica, é a pavimentação na região do Paiol Velho, na divisa com a cidade vizinha onde grande parte já está dessa forma.
O asfalto é parte do mundo de máquinas como automóveis e caminhões. Nada tem a ver com a natureza. Mesmo que torne a vida mais confortável para moradores ou visitantes que levam bicicletas sobre o carro, dificulta a mesma para outros seres vivos.
E vai avançando o urbano sobre a serra. Não é por menos que estradas tradicionais com a de Santa Clara viram oficialmente avenidas, mesmo homenageando moradores.
É o progresso, dirão muitos. Mas a semântica está mudando. Antes a Serra do Japi tinha 350 km², na descrição do mestre Aziz. Foram tombados em torno de 190 km², quase metade em Jundiaí. Hoje, algumas vezes, se foca nos 20 km² da Reserva Biológica da área mais conservada.
A patrulha florestal da Guarda Municipal já está tendo mais trabalho.
Precisamos repensar se a via melhorada, que na prática gera tráfego intermunicipal, não está encomendando um impacto futuro inaceitável ao ambiente – o mesmo valendo para bairros rurais nas bacias dos rios Jundiaí-Mirim e Capivari, do outro lado. E termos um plano de controle atento aos efeitos na natureza.
E com reflexões construtivas.
José Arnaldo de Oliveira é jornalista e ambientalista